RESUMO Objetivo Examinar gestantes com sorologia positiva para toxoplasmose de forma não-invasiva, empregando o exame digital da retina de campo ultra amplo. Métodos Estudo prospectivo, descritivo e longitudinal envolvendo gestantes com sorologia positiva para toxoplasmose atendidas em três unidades de referência especializadas em cuidados maternos localizadas em Belém (PA), na Amazônia brasileira. Os dados das pacientes foram coletados por meio de entrevista. O exame oftalmológico completo, incluindo acuidade visual com melhor correção, biomicroscopia, tonometria e exame digital da retina de campo ultra amplo, foi realizado a cada três meses. Resultados Um total de 36 gestantes foram incluídas nesta análise. O perfil sorológico compatível com toxoplasmose aguda foi detectado em 52% das gestantes, enquanto as 48% restantes apresentaram perfil compatível com imunidade. Três gestantes apresentaram sinais de coriorretinite ao exame digital de campo amplo no primeiro trimestre. Apenas uma gestante apresentou lesão ativa adjacente a uma lesão cicatrizada. Somente as gestantes com perfil sorológico compatível com toxoplasmose aguda foram tratadas. O uso de corticosteroides sistêmicos se limitou à paciente com lesão ativa. O tratamento levou à cicatrização da lesão e à recuperação da acuidade visual da paciente (20/20). Todos os neonatos foram examinados e nenhum apresentou sinais de toxoplasmose congênita. Conclusão a implementação do exame oftalmológico de rastreio em gestantes com sorologia positiva para toxoplasmose deve ser padronizada para prevenir a perda da visão em neonatos e mães. O exame digital da retina de campo ultra amplo pode ser empregado como estratégia inicial de rastreio, a fim de facilitar o acesso ao cuidado especializado, principalmente em regiões com acesso limitado a serviços oftalmológicos.

ABSTRACT Objective To screen pregnant women with positive serological results for toxoplasmosis using non-invasive, ultra-wide field retinal imaging. Methods Prospective, descriptive longitudinal study including pregnant women with positive serological results for toxoplasmosis seen at three maternal care reference units located in Belém (PA), in the Brazilian Amazon. Patient data were collected via interview. Comprehensive eye examination, including best corrected visual acuity, biomicroscopy, tonometry and ultra-wide field imaging, was performed every three months. Results The sample comprised 36 pregnant women. Of these, 52% had a serological profile consistent with acute toxoplasmosis, whereas 48% had a serological profile consistent with immunity. Three pregnant women had signs of chorioretinitis on ultra-wide field imaging in the first trimester. An active lesion adjacent to a scarred lesion was detected in one patient. Only women with serological results consistent with acute toxoplasmosis were treated. Treatment with systemic corticosteroids was limited to the patient with active ocular lesion. Follow-up assessment revealed resolution of the ocular lesion and normalization of visual acuity (20/20). All newborns were examined. No signs of congenital toxoplasmosis were found. Conclusion Ophthalmological screening of pregnant women with positive serological results for toxoplasmosis should be standardized to prevent vision loss in newborns and mothers. Ultra-wide field retinal imaging can be used as an initial screening strategy to support referral for specialized care, particularly in areas with limited access ophthalmology services.